Eu sempre achei que fazer pé de moça caseiro era coisa de doceira profissional, até o dia que queimei a primeira calda e quase desisti. Mas depois de aprender a técnica certa do ponto do açúcar num curso de doces brasileiros, descobri que é mais simples do que parece. O segredo tá em não mexer a calda enquanto ela não atingir aquele tom dourado perfeito.
Minha Daiane, que é louca por doces, virava os olhos de tanto prazer quando acertei a receita. Agora ela sempre pede quando temos visita. Até o Titan fica com o focinho no ar tentando adivinhar o que tem de bom na cozinha, mas amendoim não pode pra ele, coitado.
Vai fazer o pé de moça? Olha essas dicas que vão fazer diferença!
Quanto tempo dura e como guardar direito
Esse doce é bem resistente. Em temperatura ambiente, num pote fechado ou enrolado num papel filme, ele aguenta de boa uns 15 dias. Já deixei até 20 numa vez que fez bastante e não estragou, mas o ideal é consumir em até duas semanas.
Não precisa por na geladeira não, sério. Ele só fica mais duro lá. A não ser que esteja num dia muito quente e úmido, aí talvez valha a pena guardar na geladeira, mas tira uns 30 minutinhos antes de servir pra voltar à textura normal.
Os 3 pecados capitais do pé de moça (e como evitar)
Já errei tanto essa receita que poderia escrever um livro. Anota aí:
Mexer a calda: Isso é quase um crime. Quando colocar o açúcar com água e ligar o fogo, esquece que existe colher. Balança a panela de leve se precisar, mas nada de mexer. A última vez que fiz isso a Daiane falou "não aprendeu ainda, né?" e teve razão, cristalizou tudo.
Cortar quente: A ansiedade é inimiga do pé de moça. Se cortar antes de esfriar completamente, vira uma bagunça grudenta. Deixa esfriar totalmente, sério. Já perdi a paciência e cortei morno, resultado: os quadradinhos ficaram todos desengonçados.
Passar do ponto: A calda dourada é linda, mas se deixar escurecer demais fica com gosto amargo. O ideal é aquele tom âmbar, cor de mel mesmo. Quando chegar lá, tira do fogo na hora.
O momento crítico: dominando a calda
Essa parte assusta muita gente, mas é mais simples do que parece. O segredo tá na panela antiaderente e na paciência. Quando o açúcar começa a derreter e formar aquelas bolhinhas, fica tranquilo que é assim mesmo.
Uma dica que aprendi num curso de doces tradicionais: se aparecer cristais nas laterais da panela, pode passar um pincel molhado em água pra dissolver. Mas confesso que nunca precisei fazer isso, a minha dica mesmo é usar panela antiaderente de qualidade.
Quando a calda tiver na cor certa, joga os outros ingredientes rápido porque ela continua cozinhando mesmo fora do fogo. A primeira vez que fiz, demorei pra colocar a manteiga e queimou um pouquinho, ainda deu pra salvar, mas não ficou perfeito.
Trocas inteligentes para fugir do básico
Não tem amendoim? Sem problemas. Já fiz com castanha de caju picada e ficou divino. Nozes e amêndoas também funcionam, mas aí o sabor fica mais sofisticado.
Quer economizar? Troca o amendoim torrado sem pele pelo com pele mesmo, é mais barato e só precisa tirar a casquinha depois de torado. Dá mais trabalho, mas a economia é boa.
Se não tiver mel, pode usar açúcar mascavo ou até mesmo rapadura ralada. Já experimentei com melado de cana uma vez e surpreendeu, ficou com um sabor mais encorpado, meio que lembra rapadura.
Para todo mundo poder comer
Para fazer sem lactose: troca o leite condensado comum pelo zero lactose, o creme de leite pela versão vegetal (de soja ou castanha) e a manteiga por margarina ou óleo de coco. Fiz para uma visita da Daiane que é intolerante e ninguém percebeu a diferença.
Versão vegana: além das trocas acima, usa leite condensado de soja (tem em casas de produtos naturais) e melado no lugar do mel. A textura fica um pouquinho diferente, mas ainda assim muito gostosa.
Quando o básico enjoa
Já cansou do tradicional? Tenta colocar 2 colheres de sopa de coco ralado junto com o amendoim. Fica uma delícia e lembra aqueles doces nordestinos.
Outra variação que inventamos aqui em casa: substitui metade do amendoim por uva-passa. A Daiane odiava uva-passa até experimentar nessa receita, agora é a versão preferida dela.
Para os fãs de chocolate: adiciona 3 colheres de sopa de cacau em pó junto com o leite condensado. Vira um negócio entre pé de moça e brigadeiro, perigoso de acabar rápido.
Evitando desperdício, até as sobras viram coisa boa
Se sobrar muito (o que é raro aqui em casa), pode reaproveitar de várias formas. Já usei restos de pé de moça como recheio de bolo, fica incrível, especialmente em bolo de chocolate.
Outra ideia: derrete um pouco e usa como calda para sorvete. Só esquentar em banho-maria e regar por cima. Ou então faz uma farofa doce triturando no processador e usando para empanar banana frita.
A casca do amendoim que sobra? Joga no vaso de plantas como cobertura morta, ajuda a manter a umidade. Aprendi com minha sogra que mora no litoral e sempre reaproveita tudo.
Como impressionar as visitas chiques
Para elevar o nível, usa amendoim japonês (aquele mais crocante) e finaliza com flor de sal. Parece coisa de restaurante caro, mas é o mesmo doce com um detalhe a mais.
Outra ideia: em vez de cortar em quadrados, faz bolinhas com as mãos untadas e passa no açúcar cristal. Parece trufa e fica lindo numa bandeja.
Se quiser mesmo arrasar, serve com uma bola de sorvete de creme e calda de caramelo salgado. A última vez que fiz isso para uns amigos, quase não sobrou para a sobremesa principal.
Dois segredos que ninguém conta
O poder da umidade: Em dias muito secos, o doce pode ficar mais duro. Se perceber que está assim, deixa um copo com água dentro do pote onde guardou. Não encosta no doce, só a água evaporando já ajuda a amaciar.
Timing perfeito: A melhor época para fazer pé de moça é no inverno. Não é lenda, o açúcar cristaliza menos no tempo seco e frio. Aqui em São Paulo, quando chega junho, já sei que é hora de fazer a fornada anual.
O que beber junto? Dicas de harmonização
Café coado forte é o clássico que nunca falha. Mas se quiser inovar, experimenta com chá preto com bergamota, o amargo do chá contrasta divinamente com o doce.
Para ocasiões especiais, um vinho do porto branco combina surpreendentemente bem. A Daiane não gosta muito de café, então sempre servimos com chá para ela.
E se for servir para crianças ou quem não toma cafeína, suco de laranja pera fica ótimo. A acidez corta a doçura na medida certa.
Perguntas que sempre me fazem
Posso fazer sem amendoim? Pode, mas aí vira basicamente um brigadeiro mais consistente. Fica gostoso, mas não é mais pé de moça.
Por que minha massa não engrossa? Provavelmente não cozinhou o suficiente. O ponto é quando ela desgruda totalmente do fundo da panela. Se ainda estiver mole, continua mexendo em fogo baixo.
Devo usar fermento? Tem gente que coloca, mas a receita original não leva. Já testei com e sem, com fermento fica mais fofinho, sem fica mais denso e cremoso. Prefiro do jeito tradicional.
De onde veio essa delícia?
O pé de moça é um doce tradicional brasileiro, desses que as avós faziam nas fazendas. O nome é curioso, dizem que vem dos pés descalços das moças que pisavam na massa nas cozinhas antigas, mas acho que é lenda.
Na verdade, a receita como conhecemos hoje provavelmente surgiu no interior de São Paulo e Minas Gerais, onde tinha bastante amendoim e açúcar. É uma variação mais macia do pé-de-moleque, que é duro.
Consultando o site do Embrapa, descobri que o amendoim era muito cultivado pelos indígenas antes mesmo da colonização. Eles já faziam uma pasta com amendoim torrado e mel, basicamente a avó do nosso pé de moça!
E aí, preparado para fazer o melhor pé de moça da sua vida? Conta aqui nos comentários como ficou o seu, adoro saber das experiências de vocês! Se tiver alguma dica diferente ou uma variação que deu certo na sua casa, compartilha com a gente. Quem sabe sua ideia não vira a próxima dica aqui no site?
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