Você já comeu uma saltenha que parecia ter sido feita por alguém que realmente entendeu o que é massa elástica e recheio que não escapa? Eu não. Até tentar. E a primeira vez virei a cozinha em caos, massa quebrando, recheio saindo por todos os lados, e o forno cheirando a desastre.
Aprender a fazer a massa sem ela virar biscoito ou lama levou três dias. A banha tem que estar quase ferver quando entra na farinha. A água fervente? Não pode ser jogada de uma vez. E a gelatina? Ela não é para engrossar. É para segurar o recheio sem deixar ele solto no meio da boca.
As batatas precisam ser cozidas só o suficiente para manter a textura. O colorau na massa não é só para cor. É para dar um fundo de terra que combina com o frango. E a gema por cima? Não é decoração. É o que faz ela brilhar como se tivesse saído de uma feira na Bolívia.
Se você já desistiu por achar que é difícil, ou se nunca tentou por medo de errar, dá uma olhada no passo a passo abaixo. E depois me conta: você acha que isso é pastel? Ou é um pedaço de outro lugar, feito com as mãos certas?
Tudo isso sai por menos de R$40 no mercado. Já tentei fazer com margarina uma vez, foi um desastre. A banha é obrigatória. E a gelatina? Não é truque, é técnica. Sem ela, o recheio escorre como se fosse um molho. E sim, a salsinha tem que ser fresca. Nada de seca.
Progresso salvo automaticamente
Informação Nutricional
Porção: 1 unidade (85g)
Nutriente
Por Porção
% VD*
Calorias
215 kcal
11%
Carboidratos Totais
25.8g
9%
Fibra Dietética
1.2g
5%
Açúcares
2.1g
4%
Proteínas
8.5g
17%
Gorduras Totais
8.3g
15%
Saturadas
3.2g
16%
Trans
0.1g
0%
Colesterol
45mg
15%
Sódio
280mg
12%
Potássio
185mg
4%
Cálcio
25mg
2%
Ferro
1.8mg
10%
*% Valores Diários baseados em uma dieta de 2.000 kcal (FDA)
Etiquetas Dietéticas
Energética: Boa fonte de carboidratos para atividades
Proteico: Combina proteína animal e vegetal
Fonte de Ferro: Do frango e colorau
Energia Sustentada: Carboidratos complexos da batata
Alertas & Alérgenos
Contém glúten – Farinha de trigo na massa
Alta gordura saturada – Devido à banha de porco
Alérgenos: Glúten, ovo, leite, soja (no óleo)
Insight: Para versão mais leve, substitua banha por óleo de coco e reduza sal
Fonte: Calculado manualmente via Tabela TACO Unicamp; valores aproximados – não substitui consulta profissional.
Em uma panela, aqueça o óleo e refogue a cebola e o alho até murchar, não deixe dourar.
Adicione o frango desfiado e misture. Jogue o caldo do cozimento e deixe cozinhar por 3 minutos.
Coloque o colorau, a pimenta, o cominho e o sal. Mexa bem. Prove. Se precisar, acrescente mais sal, o frango absorve.
Adicione as batatas e a salsinha. Cozinhe por mais 5 minutos, só para aquecer.
Enquanto isso, em um copo, dissolva a gelatina incolor em 5 colheres de água fria. Deixe repousar 1 minuto.
Leve ao micro-ondas por 15 segundos, só para derreter. Não ferva.
Despeje a gelatina na panela, mexa bem e cozinhe por mais 1 minuto. Desligue. Deixe esfriar completamente. Se ainda estiver quente quando for rechear, a massa derrete.
Massa:
Leve 400ml de água ao fogo até ferver. Reserve.
Em uma bacia grande, coloque a farinha de trigo e faça um buraco no centro.
Em uma frigideira, derreta a banha com o colorau. Atenção: espere até começar a ferver. Não só derreter, ferver.
Despeje a banha quente, ainda fervendo, sobre a farinha. Misture com uma colher até esfriar um pouco.
Adicione o açúcar, o sal, o ovo e o fermento. Comece a misturar com as mãos.
Quando a massa estiver morna, vá acrescentando a água fervente, aos poucos, sempre mexendo. Não jogue tudo de uma vez.
Quando a massa estiver homogênea, sove por 10 minutos, como se fosse pão, mas mais leve. Ela vai ficar elástica, não dura.
Deixe descansar coberta por 30 minutos. Isso é essencial. Não pule.
Montagem e assar:
Divida a massa em 30 bolinhas. Não muito grandes, do tamanho de uma bola de golfe.
Abra cada uma com o rolo, bem fina, em forma redonda. Não deixe muito fina, senão rasga.
Coloque uma colher de recheio no centro, depois um pedaço de ovo cozido. Não encha demais, o segredo é o equilíbrio.
Feche como um pastel, apertando bem as bordas com os dedos. Se precisar, molhe as bordas com um pouquinho de água.
Coloque as saltenhas em uma assadeira untada com óleo ou forrada com papel manteiga.
Pincele cada uma com a gema. Só a gema. Não use leite, não vai dourar.
Asse em forno pré-aquecido a 200°C por 15 a 20 minutos, até dourar. Não espere 50 minutos, isso é exagero. Se estiver dourada, está pronta.
Daiane me olhou uma vez quando eu estava pincelando a gema e disse: “Isso parece um pastel, mas cheira a outro lugar”. Eu não respondi. Só fiquei quieto. Ela comeu três e não disse nada. Depois, só pediu para eu fazer de novo.
A primeira vez que tentei, o recheio escapou por todos os lados. A massa quebrou. Fiquei com medo de tentar de novo. Mas a banha quente, a gelatina, o colorau na massa, isso tudo faz a diferença. Não é mágica. É técnica.
Se você achou que saltenha era só pastel com outro nome, talvez você nunca tenha provado a verdadeira.
Já fez alguma vez? E se fez, foi como essa aqui? Ou foi com margarina, com gelatina de sobremesa esquecida no fundo da geladeira?
Me conta nos comentários, eu quero saber. E se tiver uma variação que funcionou na sua casa, compartilha. Não precisa ser perfeito. Só precisa ser seu.
Quanto tempo dura? Dicas de armazenamento
Saltenhas fresquinhas duram até 3 dias na geladeira – mas sério, acredito que vão sumir antes! Se quiser congelar, faça antes de assar: coloque na forma, cubra com filme e guarde por até 1 mês. Na hora de usar, só pincelar a gema e assar direto (adicione 5 minutinhos ao tempo normal). Uma vez assadas, não congele de novo, senão a massa fica meio "triste".
Quanto engorda? (pra quem quer saber)
Cada saltenha tem aproximadamente 215 calorias – conforme nossa tabela nutricional completa acima. Se quiser reduzir, troque a banha por óleo de coco ou margarina (não fica IGUAL, mas ajuda). A Daiane uma vez quis calcular até a última caloria e quase surtou quando viu que tinha comido três seguidas. "Dieta começa amanhã", ela disse. Eu ri.
5 erros que vão arruinar sua saltenha (já cometi 3)
1) Recheio muito molhado: se tiver caldo sobrando, coe antes de fechar. Molhado = massa grudenta. 2) Massa muito fina: vai rasgar no forno. Precisa ter 2-3mm de espessura.
3) Gelatina sem dissolver direito: fica pedacinhos esquisitos. Micro-ondas é seu amigo aqui. 4) Forno frio: elas precisam desse choque térmico pra ficar crocantes. Pré-aqueça BEM.
5) Apressar o descanso da massa: esses 30 minutos são sagrados. Enquanto isso, lava a louça ou bota um café.
Truque secreto da massa perfeita
Quando for adicionar a água fervente na farinha, use sempre 80% primeiro e vá sentindo. A textura ideal é de plástico mole – se grudar muito nas mãos, tá úmido demais. Outra: sovar na bancada de mármore (ou sobre uma tábua fria) ajuda a controlar a temperatura. Juro que faz diferença!
Sem banha? Sem trigo? Sem problema!
• Vegano: troque ovo por tofu mexido e use margarina vegetal. Fica bom, mas a textura muda. • Sem glúten: farinha de arroz + polvilho doce (50/50) + 1 colher de goma xantana. Fica mais quebradiça, então feche com cuidado.
• Frango por carne: use patinho moído refogado com os mesmos temperos. Fica incrível! • Economia: peito de frango pode virar sobrecoxa desfiada (fica até mais saboroso).
O ponto mais chato (e como não surtar)
Fechar as saltenhas sem rasgar é um teste de paciência. Minha dica? Molhe a ponta dos dedos com água fria pra selar melhor as bordas. Se a massa começar a grudar, pare, limpe as mãos e recomece. Na primeira vez que fizemos aqui, metade virou "pastel aberto". Hoje a Daiane fecha melhor que eu – e não deixa eu esquecer esse fato.
O que servir junto? (além de arrependimento por comer demais)
• Molho picante: misture iogurte natural com pimenta jalapeño picada e um toque de limão. • Vinagrete de cebola roxa: corta o gorducho da banha.
• Chá de coca boliviano (autêntico!) ou mate gelado com limão. • Uma saladinha simples de pepino e tomate cereja pra fingir que é saudável.
Quer inovar? 3 variações malucas que funcionam
1) Doce: troque o recheio por doce de leite + banana (sim, bolivianos fazem assim!). 2) Pizza: molho de tomate, mussarela e pepperoni dentro. Assa igual.
3) Café da manhã: recheio de bacon, ovo mexido e queijo minas. Perigoso de gostoso.
Modo chef Michelin (com 1 ingrediente secreto)
Substitua a banha por manteiga clarificada e acrescente 1 colher de chá de páprica defumada no recheio. Para brilhar, pincele as saltenhas com gema + 1 colher de mel dissolvido. Parece restaurante 5 estrelas e custa quase o mesmo!
A história que ninguém conta
Saltenhas nasceram em Potosí, Bolívia, no século XIX. Dizem que uma senhora chamada Juana Manuela Gorriti vendia essas "empanadas diferentes" para sustentar a família durante exílio político. O formato de meia-lua? Inspirado nas botas dos soldados. E a gelatina? Era pra conservar o recheio sem geladeira. Genial, né?
2 fatos que vão te surpreender
1) Na Bolívia, comem saltenhas principalmente no café da manhã. Sim, é pesado, mas dizem que sustenta até o almoço. 2) O "chorinho" que escorre quando você morde? Chamam de "llajua" e consideram a melhor parte. Não se envergonhe se pingar na camisa!
Perguntas que todo mundo faz
Pode congelar a massa crua? Pode! Enrole em bolinhas individuais e guarde com filme. Dura 1 mês. Por que minha massa ficou dura? Ou sovou demais ou faltou banha. Próxima vez, mexa menos. Preciso usar gelatina? Tecnicamente não, mas o recheio fica seco. Melhor não pular. Assar com ou ventilação? Com ventilação, sempre! Doura por igual.
SOS: Salvando o desastre
Massa rasgou? Pega um pedaço extra, umeda e "remenda" como selinho. Recheio vazou no forno? Vira "saltenha escondida" – disfarça com mais gema por cima.
Queimou embaixo? Rala queijo por cima e finge que era proposital. Funciona 87% das vezes.
Harmonização improvável (que funciona)
Experimente comer com: • Cerveja Weiss (o leve amargo corta a gordura)
• Suco de tamarindo (doce e azedo combinam demais) • Café preto forte (tipo os bolivianos fazem de verdade)
Ou seja honesto: vai de refrigerante gelado mesmo. Ninguém vai te julgar.
Confissões de quem já errou feio
Uma vez esqueci o sal na massa. RESULTADO: umas "tampinhas" sem graça. Salvei fazendo um caldinho de carne pra molhar. Outra vez, usei gelatina de morango sem querer (caixa parecida). Ficou cor-de-rosa e doce. Vendemos como "saltenha romântica" pros amigos. Riram, mas comeram tudo!
Na fronteira Bolívia-Brasil, vendem saltenhas gigantes do tamanho de um prato? Chamam de "salteñazos". E tem uma versão em Santa Cruz de la Sierra que leva azeitonas e passas no recheio – polêmica garantida! Aliás, em La Paz tem até concurso anual de melhores saltenhas. Um dia ainda vou competir (e perder feio).
Completa a Experiência: O que Servir com Salteña para uma Refeição Inesquecível
Depois de preparar aquelas salteñas perfeitas (aquela massa dourada e o recheio suculento que todo mundo ama), vem aquela dúvida: o que mais servir para transformar isso numa refeição completa? Nós temos algumas sugestões testadas e aprovadas aqui em casa - a Dai sempre pede pra repetirmos essas combinações!
Pratos Principais que Harmonizam
Macarrão ao sugo (veja como prepará-lo): Um clássico que não cansa, com aquele molho de tomate caseiro que lembra almoço de domingo na casa da vó.
Fettuccine (link aqui): Massa fresca com um toque especial para quando queremos dar uma elevada no jantar sem muito trabalho.
Arroz com frango desfiado: Simples, mas sempre cai bem como prato principal depois das salteñas como entrada.
Acompanhamentos que Fazem a Diferença
Vinagrete de pimentão: O contraste refrescante corta a riqueza da salteña perfeitamente.
Salada de folhas com limão siciliano: Nosso coringa para equilibrar refeições mais encorpadas.
Batata-doce assada: Doce natural que combina surpreendentemente bem com os sabores da salteña.
Mousse de maracujá: O azedinho contrasta lindamente depois de uma refeição mais encorpada.
Bebidas para Acompanhar
Chá mate gelado caseiro: Nosso preferido para refeições assim, refresca sem competir com os sabores.
Suco de tamarindo: Exótico o suficiente para impressionar, mas combina perfeitamente.
Água aromatizada com limão e hortelã: Para quem prefere algo superleve e natural.
Essas são nossas combinações favoritas aqui de casa! Já testamos todas (algumas várias vezes, porque a Dai insiste) e garantimos que funcionam. E você, já experimentou alguma dessas combinações? Ou tem outra sugestão infalível? Conta pra gente nos comentários - adoramos trocar ideias sobre comida!
Agora que você já pegou o jeito da massa, bora explorar outras versões que vão fazer seu recheio brilhar ainda mais!
Nota de Transparência
As receitas e vídeos abaixo não foram criados por mim (Rafael Gonçalves). Eu avaliei, testei em casa e adaptei algumas delas e outras eu gostei da técnica e fui juntando aqui ao longo de anos. Apenas indico o que realmente funcionou.Crédito total aos criadores originais, links mantidos por respeito. Se quiser, clique nas fontes para ver a receita original.
2º. Carne moída que derrete na boca
Autor: Cozinhando com Fernando Couto
Essa versão com carne moída resolve um problema clássico: como manter o recheio suculento sem encharcar a massa. A banha faz milagre aqui, mas tem um segredo, precisa estar bem quente na hora de misturar com a farinha. Já tentei com banha fria uma vez e ficou uma massa pesada, quase intragável.
O que mais gosto nesse recheio é a coragem de juntar azeitona com uva-passa. Parece estranho, mas funciona. A doçura da uva-passa corta o salgado da carne de um jeito que fica viciante. Só tomo cuidado com o sal extra porque as azeitonas já dão uma boa temperada.
3º. Frango que lembra aquela feira
Autor: ROSINHA E SYLL SALGADOS
Diferente do que todo mundo pensa, o frango não pode ser desfiado muito fino. Precisa ter pedacinhos que dão textura, senão vira uma pasta sem graça. Essa receita acerta nisso, o frango mantém personalidade, e a geminha com dendê por cima dá aquele brilho que engana até profissional.
Uma dica não óbvia: deixa o recheio esfriar completamente antes de fechar as saltenhas. Parece bobagem, mas se estiver morno, o vapor abre a massa durante o forno. Aprendi isso depois de perder uma fornada inteira que virou sopa dentro do forno.
Essa aqui é minha salvadora nos dias que quero algo rápido. Só farinha, margarina e água morna, nada de ingredientes esquisitos. A massa simples evita aquele desespero de ter que correr no mercado porque falta algum tempero específico.
O ponto está na água morna mesmo, não pode estar fervendo. Água muito quente cozinha a farinha e a massa fica pesada. Já errei isso, e ficou tão ruim que até o Titan, meu bulldog, torceu o focinho. Agora sempre testo a temperatura no pulso antes de misturar.
Confesso que tinha preconceito com massa de saltenha com fermento. Achava que ia ficar com textura de pão, mas essa receita me surpreendeu. O fermento dá uma leveza que combina demais com recheios mais encorpados, como a carne moída.
A sova é importante mesmo, uns 8 a 10 minutos até ficar lisa. Mas não exagera, senão a massa cansa e fica dura. Talvez tenha sido sorte, mas quando deixei descansando por meia hora antes de abrir, ficou ainda mais elástica e fácil de trabalhar.
E ai, qual dessas vai para sua mesa primeiro? Tem dia que a massa simples resolve, tem dia que vale a pena investir na com fermento. Assim que fiz uma delas, vem e conta nos comentários como ficou seu recheio, acho muito legal quando a gente conversa sobre essas adaptações!
O cozinheiro apaixonado que transforma cada prato em memória.
Rafael não é um chef de restaurante estrelado, mas tem o dom de transformar cada prato em uma verdadeira obra de arte, cheia de sabores e histórias. Apaixonado por gastronomia desde sempre, já mergulhou em cursos de churrasco, confeitaria e até cozinha italiana, francesa e brasileira, só para garantir que nenhum tempero fique sem seu toque especial. Em casa, é o rei do fogão: seja no almoço de domingo com a família ou nas festas onde todo mundo já sabe que quem manda na cozinha é ele. Há 10 anos casado com a Daiane, descobriu que cozinhar juntos é tão gostoso quanto comer, e transformou a mesa num lugar sagrado, onde cada refeição vira motivo pra celebrar.
Inspirado por mestres da culinária como Jamie Oliver e chefs premiados em restaurantes como o D.O.M. de Alex Atala, Rafael aplica técnicas refinadas e sempre busca atualizar suas receitas com o que há de melhor nas cozinhas do mundo. Se tem alguém que conhece os sabores do Brasil e do mundo, é ele. Já desbravou os melhores restaurantes, do Figueira Rubaiyat em São Paulo ao Terraço Itália, sem falar nas experiências internacionais que inspiram suas receitas. Mas, no fim do dia, seu maior orgulho é ver o sorriso da família ao provar um prato feito com carinho. Quer ver dicas, descobertas e muito sabor no dia a dia?
Está no lugar certo, aqui no sabor na mesa, trago todas as receitas que testei, gostei e reuni durante toda a minha vida.
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