Esta receita não precisa ser a mesma sempre
Nota de Transparência
As receitas e vídeos abaixo não foram criados por mim (Rafael Gonçalves). Eu avaliei, testei em casa e adaptei cada uma delas ao longo de anos. Apenas indico o que realmente funcionou. Crédito total aos criadores originais, links mantidos por respeito. Se quiser, clique nas fontes para ver a receita original e minha versão testada.
2º. Pato que não precisa de vinho, só de tempo
autor: FALA MEU PRÍNCIPE
Eu sempre pensei que pato precisava de vinho tinto pra ficar bom. Até que um dia, por acaso, fiz com tucupi. O segredo? Não adicione o tucupi no começo. Espere o pato dourar, soltar o suco, e só então coloque o caldo. Ele não tempera. Ele revela. Já coloquei no início, ficou amargo. Achei que era o tucupi. Não era. Era a pressa. Aí, deixei cozinhar por 40 minutos. Ficou tipo um abraço. E não precisa de arroz. Só o caldo. Caso deseje que fique mais encorpado, jogue uma folha de louro no fim. Mas só uma. Se colocar duas, vira perfume de boteco. Já fiz assim. Ficou como se tivesse limpado o chão com ervas. Não foi bonito.
3º. Rabada que não é só para quem tem paciência, é para quem sente cheiro
autor: SÍTIO DA GEGE NILZA
Essa rabada é o tipo de prato que eu faço quando o dia está pesado. O tucupi não é o tempero. É o que faz a carne falar. O segredo? Deixe ela cozinhar com o tucupi por pelo menos duas horas. Se você tentar acelerar, ela vira borracha. Já tentei. Ficou tipo couro. Não ficou bom. Mas e quando fica bom? É o tipo de prato que você serve e sua esposa pega a colher e diz: “isso aqui é o que eu quero quando estou cansada”. E ela não fala isso com frequência. E o jambu? Vai no final. Só para dar aquele toque de frescor. Se colocar no começo, desmancha. Já fiz assim. Ficou tipo purê de grama. Não foi bonito.
Esse é o prato que eu faço quando não consigo dormir. O tucupi, o jambu, o goma, tudo junto. O segredo? O jambu não pode ferver. Ele tem que ser colocado no fim, quase quente. Se você deixar ele ferver, perde o efeito. Já fiz assim. Ficou tipo alface cozida. Não foi bonito. Mas quando acerta? É o tipo de caldo que você serve e todo mundo para de falar. Só come. E depois pergunta: “o que é esse cheiro?”, e você só sorri. Porque não é cheiro. É memória.
Eu sempre achei que tucupi tinha que ser fervido. Até que um dia, vi um velho da Amazônia dizer: “se você ferver, você mata o cheiro”. Aí, tentei. Fiz só aquecer. Não ferveu. E o aroma? Ficou como se a floresta tivesse entrado na cozinha. O segredo? Use água filtrada. E deixe repousar por 20 minutos antes de usar. Se você usar direto da torneira, fica com gosto de cloro. Já fiz assim. Ficou como se tivesse limpado o chão com sabão. Não ficou legal. E se ficar? É o tipo de caldo que você bebe e sente que o corpo entende algo que a mente não sabe explicar.
Esse molho é o que eu faço quando quero que o almoço pareça que eu me esforcei. Mas na verdade, foi só misturar. O segredo? Não use pimenta do reino. Use pimenta de cheiro. Ela não queima. Ela revela. Já usei pimenta do reino. Ficou tipo fogo na boca. Não ficou bacana. Mas quando fica? É o tipo de molho que você coloca em peixe assado e todo mundo para de falar. Só come. E depois pergunta: “o que é isso?”, e você só sorri. Porque não é molho. É silêncio.
Eu sempre achei que peixe precisava de limão pra tirar o cheiro de rio. Até que um dia, fiz com tucupi. O segredo? O peixe não vai no caldo. Vai por cima, depois de cozido. O tucupi é o que envolve. Ele não esconde. Ele complementa. Já coloquei o peixe dentro do caldo. Ficou tipo lama. Não ficou bom. Mas e quando fica bom? É o tipo de prato que você serve e sua esposa pega a colher e diz: “isso aqui é o que eu quero quando estou cansada”. E ela não fala isso com frequência.
Esse caranguejo é o tipo de prato que eu faço quando preciso de algo que me lembre que a vida tem sabor. O tucupi, o alho, a pimenta, tudo junto. O segredo? O caranguejo precisa ser limpo até a última sombra de areia. Se você deixar um pouquinho, ele fica com gosto de mar. Não de rio. Já fiz assim. Ficou como se tivesse comido areia. Não foi bonito. Mas quando acerta? É o tipo de prato que você serve e todo mundo para de falar. Só come. E depois pergunta: “o que é isso?”, e você só sorri. Porque não é comida. É cura.
Esse arroz é o que eu faço quando quero que o jantar pareça que eu me esforcei. Mas na verdade, foi só colocar tudo na panela. O segredo? O jambu não vai no começo. Vai no fim. Quando o arroz já está quase pronto. Se você colocar cedo, ele desmancha. Já fiz assim. Ficou tipo purê de grama. Não ficou legal. E se ficar? É o tipo de arroz que você serve e todo mundo para de falar. Só come. E depois pergunta: “o que é esse cheiro?”, e você só sorri. Porque não é cheiro. É lembrança.
Essa combinação é o tipo de coisa que eu faço quando quero que o jantar pareça que eu me esforcei. Mas na verdade, foi só deixar o tempo fazer o trabalho. O segredo? O jambu não pode ser cozido. Ele tem que ser adicionado quando a rabada já está pronta. O calor dele basta. Se você ferver, ele vira lama. Já fiz assim. Ficou tipo ensopado de folha. Não ficou bacana. Mas quando fica? É o tipo de prato que você serve e sua esposa pega a colher e diz: “isso aqui é o que eu quero quando estou cansada”. E ela não fala isso com frequência.
Esse molho é o que eu faço quando o dia está pesado. O tucupi, a pimenta de cheiro, o sal, tudo junto. O segredo? Não mexa. Deixe repousar. Se você mexer, você mata o aroma. Já mexi. Ficou como se tivesse espremido um limão em terra. Não ficou bom. Mas e quando fica bom? É o tipo de molho que você coloca em um pastel e sente que o mundo parou. Só você e o sabor. E não precisa de nada mais. Nenhum vinho. Nenhuma música. Só isso.
Esse peixe é o tipo de coisa que eu faço quando quero que o jantar pareça que eu me esforcei. Mas na verdade, foi só deixar o tucupi fazer o trabalho. O segredo? O tambaqui não pode ser cozido demais. Ele tem que ser colocado no caldo quase no fim. Se você deixar muito tempo, ele vira pasta. Já fiz assim. Ficou tipo purê de peixe. Não foi bonito. Mas quando acerta? É o tipo de prato que você serve e todo mundo para de falar. Só come. E depois pergunta: “o que é esse cheiro?”, e você só sorri. Porque não é cheiro. É memória.
Eu sempre achei que risoto precisava de caldo de carne. Até que um dia, fiz com tucupi. O segredo? O arroz não pode ser lavado. Ele precisa de o amido. E o tucupi? Ele não é substituto. Ele é companheiro. Já usei caldo de carne. Ficou como se tivesse misturado terra com queijo. Não ficou legal. E se ficar? É o tipo de risoto que você serve e sua esposa pega a colher e diz: “isso aqui é o que eu quero quando estou cansada”. E ela não fala isso com frequência.
Essa lasanha é o tipo de prato que eu faço quando quero que o jantar pareça que eu me esforcei. Mas na verdade, foi só colocar camadas. O segredo? O tucupi não vai no molho. Vai entre as camadas. Ele não mistura. Ele separa. Se você colocar no molho, ele vira lama. Já fiz assim. Ficou tipo ensopado de massa. Não ficou bacana. Mas quando fica? É o tipo de lasanha que você serve e todo mundo para de falar. Só come. E depois pergunta: “o que é esse cheiro?”, e você só sorri. Porque não é cheiro. É paz.
Esse arroz é o que eu faço quando o dia está pesado. O pato, o tucupi, o arroz, tudo junto. O segredo? O arroz não pode ser lavado. Ele precisa do amido. E o tucupi? Ele não é tempero. É o que faz o pato respirar. Já usei arroz lavado. Ficou como se tivesse comido terra. Não ficou bom. Mas e quando fica bom? É o tipo de arroz que você serve e sua esposa pega a colher e diz: “isso aqui é o que eu quero quando estou cansada”. E ela não fala isso com frequência.
Qual dessas você acha que vai tentar fazer antes? Alguma já virou tradição na sua casa? Ou alguma você achou loucura, e depois virou favorita? Se alguma for para o seu fogão, me conta nos comentários. Não foque em perfeição. Só precisa ter a sua personalidade. Porque no fim, cozinhar não é sobre acertar. É sobre lembrar. E às vezes, é só um tucupi que te lembra de onde você veio.
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