Eu sempre achei que prato bonito era sinônimo de complicação, até descobrir a genialidade do arrumadinho pernambucano. A primeira vez que preparei, minha esposa Daiane ficou horas admirando a apresentação antes de "desarrumar" tudo com o garfo. Ela adora quando a comida une beleza e sabor autêntico.
Estudei a técnica em um curso de culinária regional brasileira, onde aprendi que o segredo está no contraste de texturas. A charque precisa ficar crocante, o feijão verde al dente e a farofa soltinha. Quando você mistura tudo na hora de comer, cada garfada vira uma experiência diferente.
O que mais me conquistou nessa receita foi como ingredientes simples como mandioca, feijão fradinho e charque se transformam em algo tão especial. A farofa dourada na manteiga com açafrão, o vinagrete fresquinho cortando a gordura da carne, é pura alquimia de sabores nordestinos.
Vou te mostrar a versão original com charque, que é a base para todas as variações. Depois você descobre outras 13 interpretações incríveis lá no final do artigo. Bora desvendar esse clássico?
Tabela de conteúdo:
receita de arrumadinho de charque simples e fácil: Saiba Como Fazer
Ingredientes
A charque precisa dessalgar antes, então planeje com antecedência. De resto, são ingredientes que você provavelmente tem em casa. O feijão fradinho cozinha rápido, em uns 20 minutos.
Informação Nutricional
Porção: 200g (1/4 da receita)
| Nutriente | Por Porção | % VD* |
|---|---|---|
| Calorias | 485 kcal | 24% |
| Carboidratos Totais | 42.5g | 14% |
| Fibra Dietética | 6.8g | 27% |
| Açúcares | 3.2g | 6% |
| Proteínas | 28.3g | 57% |
| Gorduras Totais | 21.7g | 28% |
| Saturadas | 8.4g | 38% |
| Trans | 0.2g | - |
| Colesterol | 65mg | 22% |
| Sódio | 1,450mg | 63% |
| Potássio | 680mg | 14% |
| Ferro | 4.8mg | 27% |
| Cálcio | 85mg | 7% |
*% Valores Diários baseados em uma dieta de 2.000 kcal (FDA)
Etiquetas Dietéticas
Alertas & Alérgenos
Fonte: Calculado manualmente via Tabela TACO Unicamp; valores aproximados – não substitui consulta profissional.
Modo de preparo
- Comece cortando a charque em tirinhas, seguindo a direção das fibras. Fica mais fácil de mastigar depois. Se ainda estiver muito salgada, pode dar uma rápida fervida antes.
- Esquente o azeite numa frigideira e frite as tirinhas de charque em lotes. Não encha a frigideira, senão elas cozinham em vez de fritar. Quando estiverem douradas e crocantes, retire e reserve.
- Na mesma frigideira, jogue um pouco de cebola, alho amassado e a manteiga. Refogue até ficar perfumado, depois devolva toda a charque para pegar o sabor. Mexe só um minuto e tira do fogo.
- Para a farofa, limpe a frigideira ou use outra. Derreta a manteiga com um fio de azeite e acrescente o açafrão. Mexa bem para não queimar, o açafrão queima fácil.
- Jogue a farinha de mandioca aos poucos, mexendo sem parar. A farinha vai absorvendo a gordura e ficando dourada. Quando estiver soltinha, desligue o fogo.
- O feijão fradinho cozinha rápido. Lave bem, cubra com água e cozinhe até ficar macio mas não desmanchando. Escorra e reserve. Se usar feijão verde, é a mesma lógica.
- Hora de montar. Numa travessa bonita, arrume a charque de um lado, a farofa do outro e o feijão em outro cantinho. Fica visual mesmo, é a graça do prato.
- Para o vinagrete, misture numa tigela o tomate, pimentão e cebola roxa picados. Adicione coentro e cebolinha a gosto. Tempere com sal, pimenta e um fio de azeite.
- Coloque o vinagrete num potinho separado ou decore por cima de tudo. A mandioca cozida pode vir junto ou em outro recipiente.
- Na hora de servir, cada um mistura do jeito que preferir. Eu gosto de desarrumar tudo no prato, fica mais gostoso.
Esse arrumadinho é daqueles pratos que impressiona pela apresentação mas é bem simples de fazer. A Daiane sempre tira foto antes de mexer, diz que parece de restaurante. O contraste do crocante da charque com o cremoso do feijão é sensacional.
Você já fez arrumadinho aí na sua casa? Conta nos comentários se costuma variar nos ingredientes. Às vezes faço com carne seca mesmo quando não acho charque, fica ótimo também.
Quanto tempo dura e como guardar seu arrumadinho
Essa receita aguenta bem na geladeira por até 3 dias, mas a farofa eu recomendo fazer na hora (ou no máximo um dia antes). O charque fica mais gostoso ainda no dia seguinte, quando os temperos impregnaram bem. Dica da Daiane: separa os ingredientes em potinhos herméticos diferentes antes de montar - aí é só juntar na hora de servir!
Tá de dieta? Vem cá...
Uma porção generosa tem cerca de 485 calorias (conforme nossa tabela nutricional completa). Se quiser reduzir, troque a manteiga por azeite, use menos farofa e aumente o feijão. Mas sério, às vezes vale a pena economizar calorias em outra refeição pra aproveitar esse arrumadinho completo!
Sem charque? Sem problemas!
Carne seca muito salgada? Deixe de molho por 2 horas antes. Vegano? Use jaca verde desfiada (tem que temperar bem!). Pra quem não curte feijão fradinho, grão-de-bico cozido fica incrível. E se faltar farinha de mandioca, dá pra usar flocos de milho tostados na hora - fica uma crocância diferente!
3 erros que quase todo mundo comete
1) Cortar o charque contra as fibras - aí fica borrachudo. 2) Colocar toda a farinha de mandioca de uma vez na farofa - vira um tijolo. 3) Exagerar no sal antes de provar - lembra que a charque já é salgada, né? Já errei os três, pode acreditar...
Truque secreto da farofa perfeita
Quando for fazer a farofa, esquenta o azeite com um dente de alho inteiro (depois tira). E bota uma pitada de açúcar - sério, faz isso! - que ajuda a balancear os sabores. Outra: se a farofa ficar muito seca, um fio de caldo do feijão resolve.
O que beber com esse arrumadinho?
Cerveja gelada (óbvio!), mas um suco de caju bem gelado combina demais. Se for servir como petisco, coloca uns limões cortados pra espremer por cima - corta a gordura e dá um tchan! E pra fechar, uma pimentinha calabresa molhadinha pra quem gosta de ardido.
Versão low carb e sem glúten
Glúten não tem mesmo, então tá safe. Low carb? Troca a farofa por "farofa" de couve-flor processada e tostada. Proteico: acrescenta ovo cozido picado. E pra vegano, além da jaca, usa shimeji grelhado no lugar do charque - fica surpreendente!
Arrumadinho gourmet? Bora inovar!
Coloca cubos de abacaxi grelhado na montagem - parece estranho mas é um contraste doce-salgado incrível. Ou faz com carne de sol ao invés de charque. Minha ousadia favorita? Camarão seco desfiado no lugar da carne - caro, mas pra ocasião especial vale cada centavo!
A parte mais chatinha (e como facilitar)
Cortar o charque pode ser trabalhoso - peça pro açougueiro já cortar em tiras finas (diz que é para arrumadinho que eles sabem). E o feijão? Se tiver pressa, usa o enlatado mesmo (só lave bem pra tirar o excesso de sódio). Ninguém precisa saber!
Sobrou? Transforma!
Charque + feijão vira recheio de pastel assado. Farofa dura? Refoga com ovos mexidos. E aquela cebola do vinagrete que sobrou? Pica fininho e congela - vai ser o start do próximo refogado. A Daiane sempre me cobra pra não desperdiçar, e ela tá certíssima!
Eleva o nível com um detalhe
Na hora de servir, finaliza com azeite trufado (só umas gotas) e flocos de sal rosa. Ou mistura castanhas picadas na farofa. Parece frescura, mas faz diferença quando quer impressionar - testei naquela visita da sogra e funcionou!
Se tudo der errado...
Queimou o charque? Pica bem e vira "farofa" crocante. Farofa virou pedra? Bate no liquidificador e vira "farinha temperada" pra sopa. Feijão muito mole? Amassa um pouco e vira pasta pra comer com torrada. Na cozinha, quase tudo tem conserto - já salvei um arrumadinho virando tutu!
De onde vem esse arrumadinho?
Essa mistura é tipicamente nordestina, mas cada região adapta. A versão com charque parece ter surgido no sertão, onde a carne seca era estoque seguro. Curiosidade: o nome "arrumadinho" vem justamente da apresentação organizada na travessa - não pode ser jogado qualquer jeito!
2 coisas que ninguém te conta
1) O pimentão verde cru pode causar indigestão em algumas pessoas - se for sensível, refoga rapidinho. 2) Essa receita era chamada de "comida de solteiro" antigamente - rápida e completa. Hoje virou gourmetização, mas no fundo é comida prática pra quem não quer (ou não sabe) cozinhar muito!
Perguntas que me fazem sempre
"Pode congelar?" Só o charque cozido, o resto não vale a pena. "Dá pra fazer sem feijão?" Dá, mas perde a graça - tenta pelo menos um grão-de-bico. "Por que minha farofa fica mole?" Ou tá colocando líquido demais, ou não tostou o suficiente no fogo. Mais dúvidas? Manda nos comentários!
Sabia que...
Originalmente se usava carne de sol, não charque - mas como charque é mais fácil de achar nas cidades, virou padrão. E a farofa era opcional antigamente! O prato nasceu como "feijão com carne e vinagrete", a farinha de mandioca entrou depois pra render mais. Interessante, né?
Nota de Transparência
As receitas e vídeos abaixo não foram criados por mim (Rafael Gonçalves). Eu avaliei, testei em casa e adaptei algumas delas e outras eu gostei da técnica e fui juntando aqui ao longo de anos. Apenas indico o que realmente funcionou. Crédito total aos criadores originais, links mantidos por respeito.
2º. O feijão verde que conquista
autor: canal do sisal
Eu sempre tive certo preconceito com feijão verde, achava que ficaria sem graça. Que engano! Quando testei nesse arrumadinho, descobri que ele tem uma textura incrível, fica al dente, com uma crocância que contrasta perfeitamente com a maciez da mandioca. A Daiane até brincou que eu virei fã do dia para a noite.
Uma dica que faz diferença: cozinhe o feijão verde separadamente e só misture na hora de montar o prato. Assim ele não fica mole e mantém aquela cor vibrante que deixa tudo mais bonito. Já tentou usar feijão verde em outras receitas?
3º. Frango que derrete na boca
autor: Nhac GNT
Para ser sincero, nunca imaginei que frango funcionaria no arrumadinho. Achei que faltaria personalidade. Mas essa versão me mostrou como, quando bem temperado e desfiado naquele ponto certo, o frango absorve todos os sabores e fica incrivelmente saboroso. Fiz para uns amigos que não comem carne vermelha e todo mundo aprovou.
O segredo está no cozimento lento com bastante cebola e alho, quase como uma refogada. E um fio de azeite na hora de servir dá aquele toque final que faz toda diferença. Perfeito para quando você quer algo mais leve mas sem abrir mão do sabor.
4º. Calabresa e bacon: a dupla imbatível
Todo mundo tem aqueles dias que merecem um prato mais, digamos, indulgentes. Essa versão com calabresa e bacon é minha escolha para essas ocasiões. A gordura que derrete da calabresa, o bacon crocante por cima, é daqueles pratos que você sabe que não deveria comer sempre, mas quando come, vale cada caloria.
Uma coisa que aprendi: deixe a calabresa dourar bem na frigideira antes de montar. Ela solta uma gordura que tempera todo o prato naturalmente. E o feijão macassar combina demais, trazendo um sabor terroso que equilibra a intensidade das carnes. Já experimentou essa combinação?
5º. Bacalhau além da Páscoa
Sempre associei bacalhau às festas de fim de ano, mas essa receita me mostrou como ele pode ser versátil. No arrumadinho, o salgado controlado do peixe conversa perfeitamente com o cremoso do feijão e a textura da mandioca. Fica sofisticado sem ser complicado.
O processo de dessalgue é crucial, deixe de molho por 24 horas trocando a água regularmente. Já tentei encurtar esse tempo e me arrependi amargamente. Agora planejo com antecedência e o resultado sempre compensa o trabalho. Vale cada minuto de preparo.
6º. Cuscuz surpresa
Trocar a farofa por cuscuz foi uma das ideias mais geniais que já testei no arrumadinho. O cuscuz absorve os sabores de uma maneira única, ficando úmido mas sem empapar. Quando montei a primeira vez, até a Daiane estranhou, mas depois admitiu que ficou incrível.
Faço o cuscuz um pouco mais soltinho que o normal, quase como uma farofa úmida. E tempero com bastante coentro e cebolinha, combina demais com o restante do prato. É uma adaptação que resolve quando você quer inovar mas manter a essência nordestina.
7º. Feijão de corda no ponto
O feijão de corda tem um sabor mais marcante que o fradinho, quase terroso. Quando bem cozido, macio mas não desmanchando, ele traz uma personalidade forte ao arrumadinho. Confesso que demorei para acertar o ponto, mas quando consegui, virou minha versão preferida.
Deixe de molho por pelo menos 6 horas e cozinhe em panela de pressão por uns 20 minutos. Assim fica no ponto perfeito, cremoso por dentro mas intacto por fora. E tempere com bastante alho e louro, o feijão de corda aguenta sabores robustos.
8º. Macaxeira que é puro conforto
A macaxeira cozida no ponto certo é uma das coisas mais reconfortantes que existem. No arrumadinho, ela traz uma doçura natural que equilibra o salgado da carne. Fiz essa versão num domingo chuvoso e foi pura terapia, o aroma tomou a casa toda.
Cozinhe a mandioca com um pouco de sal e uma folha de louro. Quando estiver macia mas ainda firme, escorra e reserve ainda quente. O calor ajuda a absorver os outros sabores na hora de montar. E não economize na manteiga, combina demais com a textura amilácea da macaxeira.
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9º. Camarão para impressionar
Essa é daquelas versões que você faz quando quer causar boa impressão. O camarão traz uma sofisticação natural ao prato, e o sabor do mar combina surpreendentemente bem com os ingredientes terrestres. Servir em uma festa em casa e todo mundo quis a receita.
Compre camarões médios e limpe bem, mantendo a casca da cauda para dar uma apresentação mais bonita. Grelhe rapidamente com alho e limão, não deixe cozinhar demais para não ficar borrachudo. O contraste do camarão suculento com a textura dos outros ingredientes é fantástico.
10º. Carne de sol autêntica
A carne de sol tem um sabor único, menos salgada que a charque, mas mais intensa que a carne fresca. Quando dessalgada no ponto certo e grelhada rapidamente, fica com uma textura incrível que praticamente derrete na boca. Essa versão é provavelmente a mais próxima do arrumadinho original.
Deixe a carne de molho por 4 a 6 horas, trocando a água umas 3 vezes. Depois, grelhe em fogo alto para selar por fora mas manter suculenta por dentro. Fatie na transversal, contra as fibras, faz toda diferença na hora de comer.
11º. Carne moída prática
Para os dias corridos, a carne moída é uma mão na roda. Cozinha rápido, absorve bem os temperos e fica uma delícia. Essa versão é minha escolha para quando quero um arrumadinho no meio da semana sem muito trabalho, em 30 minutos está pronto.
Refogue bem a carne moída com cebola, alho e pimenta do reino. Deixe dourar para desenvolver sabor, mas não ressecar. Uma colher de sopa de extrato de tomate no final dá uma cor bonita e um sabor extra. Perfeito para o dia a dia.
12º. Tilápia leve e saborosa
A tilápia é um peixe versátil e de sabor suave, perfeito para quem quer uma opção mais leve. No arrumadinho, ela não compete com os outros sabores, mas se integra perfeitamente. Fica especialmente bom quando grelhada com um toque de limão e ervas.
Tempere os filés com sal, alho, limão e deixe marinar por 15 minutos. Grelhe rapidamente, o peixe cozinha rápido e não pode ficar seco. Desfie com garfo na hora de montar, ainda quente. O sabor delicado combina demais com o vinagrete fresco.
13º. Vegetariano que não deixa a desejar
Fiquei surpreso como o arrumadinho funciona mesmo sem carne. A combinação de texturas, feijão cremoso, mandioca macia, farofa crocante e vinagrete fresco, é tão satisfatória que você nem sente falta da proteína animal. Fiz para uns amigos vegetarianos e todos adoraram.
Para dar mais corpo, aumente a quantidade de feijão e adicione legumes como abobrinha grelhada ou berinjela. Uma farofa bem temperada com castanhas picadas também ajuda a trazer complexidade. É uma versão que prova que sabor não depende de carne.
14º. Salsicha para a criançada
Todo mundo que tem criança em casa sabe como é difícil introduzir pratos novos. Essa versão com salsicha foi minha estratégia para apresentar o arrumadinho aos pequenos, e funcionou! A apresentação colorida chama atenção, e a salsicha é um ingrediente familiar que quebra a resistência.
Use salsichas de qualidade, corte em rodelas e doure bem na frigideira. Os pequenos adoram o formato e o sabor. E o melhor: depois que se acostumam com o prato, fica mais fácil introduzir outras versões. Já testou alguma adaptação para as crianças?
E ai, qual dessas vai para sua panela primeiro? Cada uma tem seu momento especial, né? Depois de fazer alguma, volta para me dizer o que achou, aprendo muito quando a gente discute sobre essas experiências na cozinha.






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